Corinne Vionnet é artista visual franco-suíça e é uma pioneira na exploração e edição de imagens encontradas na web em formato de colagem. Seus principais trabalhos incluem uma extensa pesquisa de arquivos formando uma série de imagens de um mesmo monumento que por meio de técnicas de colagem e sobreposição digital ela levam-nos a analisar a construção e manutenção do imaginário social e da identidade coletiva, bem como nosso comportamento com as imagens, com o ato de tirar fotos, bem como o conteúdo dessas transbordamentos de fotos.

Seus trabalhos veiculam a ambigüidade da Internet, que aparentemente promete liberdade e descoberta de novos mundos, mas, na realidade, nos aprisiona a todos nos em um espaço de algoritmo, e nos faz acreditar que somos únicos.

Seu trabalho é muito profundo e reflexivo e trazem uma forte crítica esse nosso moderno e patético hábito de visitar uma obra e a primeira coisa a fazer é tirar uma fotografia.

Em 2018 visitei Barcelona, principalmente para conhecer de perto às obras de Gaudi, fiz o percurso todinho, muito incrível. E me aconteceu quando estava de frente a sua obra mais icônica: Sagrada Família, fui tirar uma fotografia, como já havia feito com todas às obras anteriores, porem eu não tirei. Isso porque me veio muito forte como um flashback o trabalho da artista, e somente naquele momento -eu entendi.

O turismo e a história da fotografia são inseparáveis, hoje uma foto de um determinado local é uma evidência de nossa “conquista turística” e é principalmente um meio de revisitar nossas memórias.

Às fotos que essas pessoas terão são todas iguais às milhões que tem no google, é esse ‘ato’ mostra um tanto como está mudando (para pior) o nosso comportamento social e da nossa cultura visual quando o assunto é a fotografia turística.

Criamos nossa identificação a partir da memória, somos hoje o que foi construído pelo nosso passado, relembrar e reviver os momentos importantes é necessário e normal. O trabalho da artista me fez despertar a atenção para aqueles momentos onde o intuito do estar ali se da fortemente com a intenção de tirar uma foto. Quase sempre fazemos isso, sem pensar… sem nem de fato ver, refletir ou buscar entender o contexto do que aquilo representa ou entrega para às pessoas que passam lá todos os dias.

Enfim, sem delongas. Obrigada Corrine.

Para ver outros trabalhos da artista, convido-vos a visitar: https://www.artsy.net/artist/corinne-vionnet/works-for-sale

E tambem assistir essa incrivel entrevista que onde ela aborda seus mais recentes trabalhos: